Xistopedia

O Entrudo Tradicional das Aldeias do Xisto de Góis

O Entrudo Tradicional das Aldeias do Xisto de Góis
pessoas e tradições
Conheça aqui todos os pormenores do entrudo tradicional destas aldeias serranas

O Entrudo Tradicional das Aldeias do Xisto de Góis ocorre todos os anos no carnaval, altura que ainda se sente o frio invernio entranhado no corpo.
O seu festejo, de forma simples como os costumes das tradições portuguesas, assentava na “Corrida do Entrudo”. Porém, para participar na “corrida” era necessário trajar a rigor, a folia assim o exigia!

Nas Aldeias do Xisto de Góis, o engenho cultural instituído pela falta de base económica para adquirir materiais, embutia nos jovens uma imaginação frutífera. Assim, estes preparavam várias formas para encobrir a face (não fosse alguém reconhecê-los por azar) com qualquer coisa que houvesse por casa: serapilheiras, fronhas velhas, trapos, um “peneiro das abelhas” ou, para os mais, criativos e engenhosos uma máscara feita a partir de cortiça.

Depois os foliões partiam para a “corrida” às aldeias, a melhor parte claro, e brincava-se, e quase tudo era permitido, sendo um dos pontos altos o declamar de ”quadras jocosas” sobre os habitantes das aldeias corridas, criadas a partir de pequenas estórias que ocorriam durante o ano. 

“As meninas desta terra,
São algumas, mas não todas;
Calçam dez pares de meias,
Para fazer as pernas gordas.”

Para se manter a tradição a Lousitânea, criou  um conjunto de recomendações, de forma  a manter o rigor na celebração desta tradição.

CONJUNTO DE RECOMENDAÇÕES
Assim, por base nos registos orais da população local, para “Correr o entrudo” é necessário rigor no modo de participar e para fazer parte do grupo de foliões. Aprenda aqui a fazer máscaras, as vestes e os adornos.

MÁSCARAS: 
Partir para a serra em busca de algum sobreiro mais antigo, fazia parte do processo, com o objetivo de encontrar um pedaço de cortiça com uma forma que fornecesse uma face diabólica e horripilante, pois o dinheiro era um bem escasso e era necessário ser criativo, construindo a partir do que não estava à mão! Para aqueles que produziam mel, um velho e inútil cortiço das colmeias servia na perfeição!

Após ter o pedaço de cortiça necessário para tapar a totalidade da face advinha mais um momento de criatividade: adornar a máscara, e procurar roupa velha para tapar o resto do corpo (os homens gostavam bastante de se vestir de mulher) e quase tudo servia para o efeito.

  • As máscaras serão sempre em cortiça figurando faces feias e diabólicas. Sejam de forma mais simples encontradas na extracção da cortiça do sobreiro ou no aproveitamento de velhos cortiços das abelhas;
  • As máscaras poderão ser adornadas por vários elementos como sejam, por exemplo, cornos de cabras, barba de milho, lã de ovelha,hastes de veados, dentes de javali, e algumas pinturas mais discretas;
  • Depois de colocar a máscara assegurar que o resto da face ficará oculta com outro tipo de acessórios como: lenços, xailes ou trapos velhos. No caso de máscaras feitas do aproveitamento dos velhos cortiços das abelhas já não será tão necessário;
  • Deverão as máscaras ter algum conforto para quem as utiliza, no sentido de facilitar a sua utilização durante algum tempo, como uma boa abertura para a visão, facilidade em respirar e protegida do seu contacto com a pele;
  • Para uma boa fixação ao rosto será necessário o uso de bons elásticos nas máscaras;
  • A criatividade da máscara pode e deve individualizar a personagem, quanto mais trabalhada mais eficaz.

VERACIDADE DA TRADIÇÃO DAS MÁSCARAS DE CORTIÇA
Existem algumas opiniões que afirmam que a tradição das Máscaras de cortiça nunca terá existido no concelho de Góis. Porém, a verdade é que o concelho possui uma grande diversidade cultural, nas várias aldeias serranas e, mediante as informações recolhidas, por informação oral, ao longo dos anos, pela Lousitânea, este assunto foi sendo valorizado. Considerando que não há registos escritos, ou fotográficos, pelo menos que sejam conhecidos, e que possam comprovar o uso das mesmas, considerou-se pertinente e fundamental reavivar e voltar a trazer ao calendário da região esta máscara e esta tradição, no sentido de a recriar, mantendo a tradição inalterável e criando um produto de marca genuíno e único, procurando, assim, marcar a diferença na identidade cultural das Aldeias do Xisto de Góis.

VESTES E ROUPAS:
Durante muito tempo apenas participavam nesta folia homens e rapazes, mas com o avançado despovoamento das aldeias estas “corridas”, começaram a ter também a participação das raparigas e mulheres, de forma a manter o número de participantes e não deixar morrer a tradição.

Para que ninguém seja reconhecido do seu “mal dizer” e “mal fazer” trocam-se as roupas, os homens vestem-se com as roupas das mulheres e as mulheres vestem-se com roupas de homem.

  • Para esta tradição eram usadas roupas velhas, daquelas bem guardadas bem no fundo das arcas, sendo algumas vestidas do avesso e também são trocadas na sua ordem, e as roupas de interior usadas por cima da todo o outro vestuário);
  • As roupas serão sempre as mais antigas que se encontrar nos armários e arcas, como fatos, vestidos, lenços, xailes, sapatos, botas, luvas, entre outros;
  • Uma das maneiras de ser identificado se é homem ou mulher tem a ver com a forma do corpo e a forma de andar, para isso poderão deformar a figura do corpo com enchimentos dentro das roupas. Como por exemplo, os homens podem sempre criar um bom par de seios!
  • As mãos deverão sempre usar luvas, as pernas devem estar cobertas com meias, collants ou até ceroulas e os braços tapados com as mangas das vestes.

ADORNOS:

  • Deverão usar acessórios que façam barulho como sejam, por exemplo, chocalhos, campainhas, guizos entre outros.
  • Usar na mão uma bengala, cajados, um velho guarda-chuva entre outros.
  • Alguns dos velhos instrumentos usados nos bailaricos e que já estejam desafinados, como uma concertina, um bombo, uma caixa, um reco-reco, entre outros.
  • Alguns dos elementos podem usar grandes e velhos funis de metal (que eram usados nos lagares e nas adegas) para cantar algumas “Quadras Jocosas”.
  • Nos bolsos podem transportar “ bugalhos de carvalhos” para atirar às pessoas.

Como se vive o dia do Entrudo Tradicional

Logo pela manhã, nas ruas de Góis, surgem personagens bizarros vestidos com roupas velhas e envergando máscaras de pano pintadas. Um deles imita uma velha senhora, de xaile e bengala, mas a ligeireza com que aborda as pessoas que passam trai a sua idade. E a barba trai o género. Mas enfim, a primeira reacção dos transeuntes é um sorriso cúmplice, e alguns entram mesmo na brincadeira. Como se costuma dizer: é Carnaval, ninguém leva a mal.

A Celebração Tradicional do Entrudo nas Aldeias da Serra da Lousã, começa pois em Góis, onde se junta um pequeno grupo de pessoas aos foliões da Lousitânea. A Liga dos Amigos da Serra Lousã apostou na revitalização das tradições carnavalescas, tal como se celebrava antigamente nas Aldeias do Xisto.

Antigamente deixava-se muitas vezes as chaves na fechadura da rua e nós atravessávamos-lhe um pau trancando as pessoas no interior, que às vezes tinham de sair pela janela.

Já na Comareira, o 'Ti Alfredo conta que no tempo dele também se faziam brincadeiras de Carnaval: “antigamente deixava-se muitas vezes as chaves na fechadura da rua e nós atravessávamos-lhe um pau trancando as pessoas no interior, que às vezes tinham de sair pela janela”.


Esta não foi uma das partidas engendradas pela Lousitânea, mas outras houve que, ao chegarmos a Aigra Nova, intrigavam os seus habitantes. Contavam, com um sorriso matreiro, que tinham aparecido pilhas de lenha à porta de casa barrando a passagem, e que em algumas caixas de correio descobriam-se peças de roupa que durante a noite secavam no estendal.

Divertiam-se a recordar que já há alguns anos que não se viam tantas partidas de Carvanal ali nas Aigras. Já cúmplices da brincadeira e instigados pelos foliões mascarados, que “desconfiavam” terem sido os habitantes da vizinha Comareira os responsáveis, os das Aigras prometiam vingança para o ano que vem. “Talvez estacionemos uma carroça cheia de estrume à entrada da aldeia”, diziam provocando uma gargalhada geral.

ENTRA NA RODA E DANÇA!

O almoço é uma deliciosa chanfana oferecida pela Comissão das Aigras. O ambiente é descontraído e adornado com picardias cúmplices entre os foliões. Junta-se-lhes um grupo de tocadores de concertinas e a dança começa. Primeiro no telheiro da Comissão, já com máscaras trocadas e saias vestidas por cima de calças. Aos pulos pelas ruas seguindo o encantamento da música, o grupo junta-se numa roda no largo da Aldeia. Todos dançam de mãos dadas. E assim continuam mesmo quando espontaneamente Manuel Claro resolve guiar a roda por entre as ruelas de Aigra Nova, seguida pelas concertinas que incentivam os pulos e roubam o fôlego de tanto rir.

No fim do dia, quando o corpo já pede descanso, a melhor forma de o fazer é com um relaxante passeio por Aigra Nova e Pena. O entardecer realça o perfil da paisagem, abrupta e primordial ao nível dos penedos, mas também profundamente rural e humana ao nível do solo. Hoje, naquele solo que pisamos, foi dia de Carnaval.

 

explorar

restauração
As Beiras
As Beiras
Pampilhosa da Serra
restauração
Restaurante Fugas
Restaurante Fugas
restauração
Fiado Restaurante
Fiado Restaurante
Janeiro de Cima
restauração
Sabores da Aldeia
Sabores da Aldeia
restauração
Casa Ti'Augusta
Casa Ti'Augusta
Figueira
restauração
Museu da Chanfana
Museu da Chanfana
Miranda do Corvo
restauração
Bem-Me-Quer
Bem-Me-Quer
Martim Branco
restauração
Callum
Callum
Oleiros
restauração
Varanda do Casal
Varanda do Casal
Casal de São Simão
alojamento
Hostel Casa do Caminheiro
Hostel Casa do Caminheiro
Talasnal
alojamento
Casa do Talasnal
Casa do Talasnal
Talasnal
alojamento
Casas de Água Formosa
Casas de Água Formosa
Vila de Rei
alojamento
Aqua Village Health Resort & SPA
Aqua Village Health Resort & SPA
Caldas de São Paulo
alojamento
Aldeia Oliveiras
Aldeia Oliveiras
Proença-a-Nova
alojamento
Casa Lausus
Casa Lausus
Talasnal
alojamento
Mountain Whisper
Mountain Whisper
Gondramaz
alojamento
Casas da Serra do Açor
Casas da Serra do Açor
Casal Novo, Arganil
alojamento
Casa Cova do Barro
Casa Cova do Barro
Janeiro de Cima
experiências
River Walking - Caminhada Aquática na Eireira
River Walking - Caminhada Aquática na Eireira
percurso
Irrigando a Cova da Beira [GR33 - GRZ: BTT Setor 2]
Irrigando a Cova da Beira [GR33 - GRZ: BTT Setor 2]
aldeia
Figueira
Figueira
património
Igreja Matriz de Aldeia das Dez - S. Bartolomeu
Igreja Matriz de Aldeia das Dez - S. Bartolomeu
aldeia
Ferraria de São João
Ferraria de São João
património
Ponte Medieval de Alvoco das Várzeas
Ponte Medieval de Alvoco das Várzeas
património
Villa Romana do Rabaçal
Villa Romana do Rabaçal
percurso
Terra Mineira  [GR33 - GRZ: BTT setor 3]
Terra Mineira [GR33 - GRZ: BTT setor 3]
experiências
Aventura Épica XL
Aventura Épica XL
experiências
Escapadinha de E-Bike nas Aldeias do Xisto
Escapadinha de E-Bike nas Aldeias do Xisto
aldeia
Sobral de São Miguel
Sobral de São Miguel
percurso
PR3 OHP - Caminho do Xisto da Aldeia das Dez Nos Passos do Ermitão
PR3 OHP - Caminho do Xisto da Aldeia das Dez Nos Passos do Ermitão
Hotel Rural Quinta da Geia

próximos eventos

evento
A VER Figueiró dos Vinhos: Tradições Populares, Costumes e Eventos Festivos
A VER Figueiró dos Vinhos: Tradições Populares, Costumes e Eventos Festivos
23 nov 2024 - 12 jan 2025, 11:00
Figueiró dos Vinhos
evento
Natal e Ano Novo nas Aldeias do Xisto
Natal e Ano Novo nas Aldeias do Xisto
29 nov 2024 - 06 jan 2025, 10:00
evento
Colecionismo de Natal
Colecionismo de Natal
29 nov 2024 - 31 dez 2024, 10:00
Oleiros
evento
Oliveira do Hospital - Concelho Natal
Oliveira do Hospital - Concelho Natal
29 nov 2024 - 05 jan 2025, 18:00
evento
Natal é na Aldeia das Dez
Natal é na Aldeia das Dez
30 nov 2024 - 05 jan 2025, 10:00
Aldeia das Dez
evento
Retratos de Natal em Góis
Retratos de Natal em Góis
30 nov 2024 - 31 dez 2024, 18:30
Góis
evento
Sertã Espírito de Natal
Sertã Espírito de Natal
01 dez 2024 - 06 jan 2025, 09:00
evento
Natal em Vila de Rei
Natal em Vila de Rei
01 dez 2024 - 06 jan 2025, 10:00
evento
Natal no Candal
Natal no Candal
01 dez 2024 - 05 jan 2025, 10:00
Candal
evento
Natal da Fantasia 2024
Natal da Fantasia 2024
01 dez 2024 - 31 dez 2024, 14:00
Figueiró dos Vinhos
evento
Natal no Fundão
Natal no Fundão
01 dez 2024 - 06 jan 2025, 15:00
evento
Natal com Arte na Covilhã
Natal com Arte na Covilhã
01 dez 2024 - 06 jan 2025, 15:00
evento
Natal na Lousã
Natal na Lousã
01 dez 2024 - 05 jan 2025, 18:00
evento
Há Natal em Pedrógão Grande
Há Natal em Pedrógão Grande
04 dez 2024 - 10 jan 2025, 09:00
evento
Natal em Arganil
Natal em Arganil
05 dez 2024 - 06 jan 2025, 18:00
evento
Natal em Castelo Branco
Natal em Castelo Branco
06 dez 2024 - 31 dez 2024, 17:00
Castelo Branco
evento
Concertos de Natal em Proença-a-Nova
Concertos de Natal em Proença-a-Nova
07 dez 2024 - 20 dez 2024, 16:00
evento
Penela Presépio 2024
Penela Presépio 2024
08 dez 2024 - 05 jan 2025, 10:00
Penela
evento
Natal na Aldeia
Natal na Aldeia
08 dez 2024 - 12 jan 2025, 15:00
Castanheira de Pera
evento
O Natal do Xisto
O Natal do Xisto
08 dez 2024 - 23 dez 2024, 18:00
Aigra Nova
evento
Natal Serrano 2024
Natal Serrano 2024
11 dez 2024 - 22 dez 2024, 18:00
Pampilhosa da Serra
evento
Natal em Oleiros
Natal em Oleiros
13 dez 2024 - 23 dez 2024, 11:00
evento
Talasnal ao Luar
Talasnal ao Luar
13 dez 2024, 20:30
Talasnal
evento
Passeio Pedestre Natal Rota Gourmet
Passeio Pedestre Natal Rota Gourmet
15 dez 2024, 08:00
Proença-a-Nova
evento
Desafio Picos do Açor
Desafio Picos do Açor
15 dez 2024, 08:00
Arganil
evento
Mercado dos Sabores de Natal
Mercado dos Sabores de Natal
21 dez 2024 - 22 dez 2024, 15:00
Proença-a-Nova
evento
Ciclo pelas Igrejas
Ciclo pelas Igrejas
28 dez 2024, 20:30
Aldeia das Dez
evento
A Um Cortiço do Céu - Passagem de Ano em Fajão
A Um Cortiço do Céu - Passagem de Ano em Fajão
31 dez 2024 - 01 jan 2025, 11:00
Fajão
evento
Curso de Iniciação à Cerâmica
Curso de Iniciação à Cerâmica
13 jan 2025 - 19 jan 2025, 10:00
Cerdeira
evento
Workshop Construção de Fornos Rudimentares
Workshop Construção de Fornos Rudimentares
24 jan 2025 - 26 jan 2025, 10:00
Cerdeira