ALDEIAS

Sobral de São Miguel

serra do açor
Serra do AçorSobral de São Miguel
Sobral de São Miguel
sobral de são miguel, covilhã
O coração do xisto. Os seus habitantes consideram que a aldeia é o "Coração do Xisto". A sua relação com o xisto é por demais evidente. Mas não só da pedra se construiu esta povoação. Vale a pena descobrir os pequenos tesouros que Sobral de São Miguel esconde.

O slogan da aldeia “O coração do xisto” não é inocente. Esta aldeia será um dos maiores aglomerados de edifícios em xisto de Portugal. Porém, a grande maioria das construções encontra-se rebocada e pintada predominantemente de branco.
Daqui se exporta xisto para o mundo, mas a matéria prima não se fica por aqui.
Começando no património gastronómico – aqui pode provar desde ginja, até pica de chouriço, sardinha ou bacalhau, passando pelo mel e pelo pão de forno a lenha – a aldeia tem ainda para oferecer um rico património cultural e artístico.

Sobral de São Miguel também proporciona uns bons passeios. Quer sejam através das ruas e quelhas da aldeia, ou acompanhando o curso da Ribeira do Porsim.

A aldeia possui uma vasta envolvente de novas construções, pelo que devemos orientar a nossa visita para o núcleo mais antigo. Aí, o casario acompanha as curvas mais ou menos pronunciadas da ribeira, elevando-se como que em escadaria, encosta acima.

Os arruamentos são quase sempre paralelos à ribeira, sendo ligados por inúmeras quelhas com degraus ou por ruelas inclinadas que procuram contornar as habitações. Estas são quase sempre justapostas, não havendo espaço para quintais. De dois ou três pisos, a altura dos edifícios cria ruas onde, mesmo durante o dia, predomina a sombra.

  • território

    A aldeia está situada na Serra do Açor, no seu flanco nordeste, junto aos seus pontos mais elevados. O Sobral estende-se, maioritariamente, na margem esquerda da ribeira do Porsim, aproveitando as encostas soalheiras que, nesta face da Serra do Açor, predominam, ora orientadas a nascente, ora a sul. Aqui, os declives são muito acentuados, especialmente junto às linhas de água, como é caso do local onde a aldeia se implantou.

    A fresca e límpida ribeira, que influenciou a construção de diversos açudes, levadas, moinhos e lagares, banha os pés do aglomerado de casas, correndo num vale talhado em xisto. O Bairro do Caratão é um dos pontos mais antigos e interessantes da aldeia. No núcleo primitivo da aldeia, o casario eleva-se em escadaria, encosta acima, acompanhando as curvas pronunciadas da ribeira.

  • natureza

    No extremo oeste da aldeia, a ribeira do Carvalho e a ribeira da Cabrieira casam as suas águas e aí nasce a ribeira do Porsim, que atravessa a aldeia e corre, genericamente, no sentido noroeste-sudeste até afluir ao Zêzere.

  • história e estórias

    Sobral de São Miguel é um povoado muito antigo, como atestam os inúmeros vestígios de arte rupestre. A origem desta aldeia remonta à era romana e esteve sempre associada às antigas rotas comerciais. Existem indícios de minas mouriscas que apontam igualmente para uma vivência árabe, comprovada pelas lendas narradas pela população mais idosa. Aqui conta-se que o Sobral foi povoado por guardadores de porcos que vinham temporariamente com as suas varas para engordar com a bolota dos sobreiros. Como o Sobral era uma área atravessada por caravanas de mercadores que faziam as trocas comerciais entre o litoral e o centro da Península, começaram por construir abrigos, juntamente com as poucas casas já existentes dos guardadores de porcos. As primeiras casas foram construídas ao longo da ribeira, mais ou menos à frente de uma capela em honra de São Miguel (padroeiro da aldeia) que anos mais tarde deu lugar à atual Igreja Matriz.

    Na documentação histórica conhecida, a aldeia é mencionada pela primeira vez num documento datado de 1284, das Inquirições de D. Dinis. No “Diccionario Chorographico” (1878) aparece referenciada como Sobral, estando localizada na estrada entre Castelo Branco e Arganil. Em 1888, a freguesia autonomizou-se de Casegas, adoptando a designação “Sobral de Casegas” que alterou, em 1970, para a atual, em tributo ao padroeiro. Nas décadas de 1930/1940, a aldeia beneficiou da procura internacional de volfrâmio que era explorado nas Minas da Panasqueira e em muitos outros locais da Serra do Açor.

    O nome "Sobral" deriva do termo latino suberale que significa mata de sobreiros ou terreno onde crescem sobreiros. Assim, no local da aldeia ou nas suas proximidades existiria uma área significativa de sobreiros ou uns quantos sobreiros de porte notável. O que ainda hoje acontece.

    A origem do nome
    Sobral deriva do termo latino suberale que significa mata de sobreiros ou terreno onde crescem sobreiros. Assim, aquando da fundação da aldeia, na sua envolvente esta árvore seria abundante ou existiriam umas quantas de porte notável. O que ainda hoje acontece.

    No tempo do saltipilha
    Viver nestes montes e vales nunca foi fácil. Abrir o baú da memória dos habitantes mais idosos é fazer nascer lágrimas no seu olhar. Relatam-nos um filme a preto e branco em que são atores de caminhadas até à Covilhã, descalços, com um saco de carvão à cabeça ou às costas. Atores numa refeição em que uma sardinha seca era repartida por cinco irmãos. Um tio a partir para um qualquer canto do Mundo, depois o pai, depois os irmãos, e os dias da ausência sem regresso que nalguns casos duraram o resto da vida. Ou o saltipilha, aquela azáfama de mãos de homens, mulheres e crianças que remexiam os calhaus nas escombreiras ou nos córregos que descem das Minas da Panasqueira, à cata de umas pedras com minério que se poderiam ter libertado dos trabalhos da lavaria. Cesto cheio e vai de procurar quem compre, que o pouco que dava sempre era melhor que nada ter.

  • património

    As casas tradicionais possuem uma arquitetura simples, que tem maior destaque nos balcões e varandas soalheiras, normalmente sombreadas por videiras. Os edifícios particulares – muitos construídos em xisto – são o ex-libris da aldeia, mas há muito mais para ver em Sobral de São Miguel. Desde as suas três pontes, das quais a mais emblemática é a Ponte do Caratão, por onde passava a Rota do Sal, até à Casa Museu João dos Santos, onde se encontram expostas várias peças do antigo quotidiano dos habitantes da aldeia.

    Como não poderia deixar de ser, Sobral de São Miguel tem o seu próprio património religioso. Exemplo disso, é a Igreja Matriz de Sobral de S. Miguel, que, tal como hoje se encontra, é fruto das obras de ampliação efectuadas em 1933, sendo a  torre sineira erguida no ano de 1937. A aldeia também tem uma capela em homenagem a Santa Bárbara, mandada erigir pelos mineiros em 1938.

    Quem quiser fazer uma viagem no tempo e ver como se vivia na aldeia, tem ainda construções tradicionais que valem a pena visitar. Sobral de São Miguel tem um lagar de azeite e um moinho e ainda, distribuídos pela aldeia, vários fornos comunitários. Uma visita à eira – afloramento de xisto aplanado – utilizado para descascar alguns produtos vindos do campo e ao tronco de ferrar, utilizado para imobilizar os animais quando eram ferrados. A Fonte do Caratão, também conhecida como Fonte da Ponte, foi construída em 1900, é um local muito pitoresco que vale a pena visitar.

    Ainda merecem destaque:

    • Antiga Escola Primária
      Edifício resultante do "Plano dos Centenários" do Estado Novo, com dois pisos, o que indicia que por aqui existiu uma significativa população escolar.
    • ​Capela de Santa Bárbara
      Localizada num dos pontos mais elevados da aldeia, já em zona periférica. Edificada em 1940, quando a exploração do volfrâmio era a ocupação de muitos e a grandeza alguns.
    • Eira
      No local onde confluem as duas ribeiras que originam a Ribeira do Porsim que atravessa a aldeia, um afloramento de xisto de superfície aplanada sempre foi utilizada para secar e descascar alguns dos produtos vindos dos campos.
    • Tronco de ferrar
      Junto à eira, este era o equipamento utilizado para imobilizar as bestas enquanto eram ferradas.
    • Fontanário
      No Largo do Cabecinho, à entrada da aldeia.
  • produtos
    • Pica de chouriço, sardinha ou bacalhau
    • Queijo e Requeijão
    • Xisto

    Exportar xisto
    Sobral de São Miguel possui, nas suas imediações, duas pedreiras onde se explora xisto, lousa ou ardósia. Do ventre destas serranias, já saiu pedra para obras em outras Aldeias do Xisto, para algumas Aldeias Históricas, para França e para a Bélgica, onde mãos de artistas da pedra as aplicaram em nome de uma beleza quase eterna. Com tons predominantemente cinzento-escuro, as duas unidades produzem peças de diversas formas e dimensões.

  • como chegar

    GPS: 40º12’40’’N; 7º44’33’’O. Altitude: 560 m.
    Sobral de São Miguel dista 40 km da Covilhã e é servida pela EN230.

  • nome dos habitantes
    sobralenses
  • padroeiro
    são miguel
  • ex libris
    ribeira do porsim

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Sobral de São Miguel, Covilhã
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