cerdeira - home for creativity
Na Serra da Lousã, a Cerdeira renasceu das ruínas para se tornar um dos lugares mais inspiradores das Aldeias do Xisto. Parte desse renascimento deve-se à Cerdeira-Home for Creativity, projeto iniciado nos anos 1990 e formalizado em 2012, que tem na Escola de Artes e Ofícios o seu núcleo vital. Mais do que alojamento, a Cerdeira é hoje um retiro criativo onde arte, comunidade e natureza se encontram. Um modelo de turismo com propósito que devolveu vida à aldeia.

Das ruínas à criação
Na década de 1980, a aldeia estava quase abandonada. Foi nessa altura que a artista alemã Kerstin Thomas descobriu a Cerdeira e decidiu ali instalar o seu atelier de escultura em madeira. Ao longo da década de 1990, juntaram-se-lhe outros apaixonados pelo lugar, entre eles José e Natália Serra. A ideia de criar uma escola de artes começou a ganhar forma.
Em 2012, nasceu oficialmente o Cerdeira-Home for Creativity, integrando alojamento, residências artísticas e programação cultural. A Casa das Artes foi o primeiro edifício a ser recuperado - embora uma tempestade, em 2015, a tenha destruído. Reconstruída com apoio da ADXTUR e um plano de arquitetura sustentável (Eco-Arq), ergue-se hoje como símbolo da capacidade de transformar fragilidades em novas oportunidades.
Propósito e ambição
A Escola nasceu para valorizar ofícios tradicionais como a cerâmica, a madeira e a cestaria, adaptando-os ao mundo contemporâneo; criar um espaço de residência e formação artística aberto a participantes nacionais e internacionais; atrair visitantes em busca de experiências criativas, em vez de turismo de consumo rápido; gerar novas dinâmicas económicas e culturais numa aldeia antes esquecida; posicionar a Cerdeira como aldeia-modelo de turismo criativo e sustentável, distinta de outros destinos massificados.
Na Cerdeira, desenvolveu-se uma metodologia própria de ensino, com foco na qualidade e na experiência prática e imersiva das formações que propõe, na presença de artistas nacionais e internacionais especializados nas suas áreas, que vêm à Serra da Lousã ensinar técnicas de artes e ofícios de expressão contemporânea.
Entre fornos, mãos e ideias
A cerâmica é a protagonista. O grande tesouro é o forno Sasukenei Kiln, construído em 2015 pelo mestre japonês Masakazu Kusakabe. Este forno não produz fumo, e permite uma cozedura com queima eficiente e gasto reduzido de lenha. Único na Península Ibérica e um dos poucos existentes no mundo com actividade regular, este forno sem fumo atinge 1300 ºC em 36 horas de queima contínua e atrai ceramistas de todos os continentes.
Mas não só: há também workshops de madeira e cestaria, e ainda residências artísticas que reúnem criadores de diferentes disciplinas. Muitos cursos são orientados por artistas internacionais de referência, como Matthew Blakely (UK), Marc Lancet (US), Shirobey Kobayashi (JP), Anne Mette Hjortshøj (DK), Mai Hvid Jorgensen (DK), e artistas de renome nacional, como Renato Costa e Silva, Kerstin Thomas, e Daniela M. Torres (Andor Studio).
As peças resultantes são levadas para casa pelos participantes do curso, à excepção de algumas peças dos artistas-formadores que permanecem na Cerdeira e são expostas na galeria da aldeia.
Quando a arte muda um lugar
A Escola de Artes e Ofícios não transformou apenas ruínas em espaços de criação. Transformou também a perceção da própria aldeia. Hoje, a Cerdeira já não é um ponto esquecido da Serra da Lousã, mas um lugar procurado por artistas e curiosos de várias partes do mundo.
Cerca de 75% dos participantes nos cursos são estrangeiros, muitos vindos dos EUA, do norte da Europa e até da Austrália, o que deu à aldeia uma projeção internacional inesperada. Mais do que gerar uma economia local, o impacto faz-se sentir sobretudo na notoriedade cultural e identitária: a aldeia passou a ser reconhecida como espaço de inovação artística, diferenciado das restantes Aldeias do Xisto.
O turismo criativo que aqui se desenvolveu deu nova energia à aldeia, ligando-a ao mundo através da passagem constante de artistas, estudantes e visitantes. Essa dinâmica trouxe diversidade de olhares e práticas, reforçando o papel da Cerdeira dentro da rede das Aldeias do Xisto e afirmando a arte e a criatividade como motores de regeneração territorial.

































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