Diz a lenda que, num dia frio e chuvoso, São Martinho rasgou a sua capa para abrigar um mendigo. Nesse momento, as nuvens dissiparam-se e o sol voltou a brilhar. Desde então, todos os anos, em novembro, regressa o chamado “verão de São Martinho”: um breve tempo de luz, que convida ao lume, à castanha e ao encontro.
Nas Aldeias do Xisto, este é um dos momentos mais marcantes do calendário comunitário. Quando o frio chega às serras e os soutos se enchem de ouriços abertos, acendem-se as fogueiras e renasce o ritual do magusto. Comer castanhas assadas e beber jeropiga ou água-pé é, aqui, mais do que tradição: é partilha, é pertença e é memória viva.
O ritual que aquece a aldeia
De origem antiga e popular, o magusto é uma festa que une o sagrado e o profano. Celebra o dia de São Martinho, mas também o fim das colheitas e a generosidade da terra.
Durante séculos, a castanha foi o alimento essencial das populações serranas. Era a base da alimentação antes da chegada da batata e, por isso, também símbolo de resistência das comunidades de montanha. Rica e versátil, continua a ocupar um lugar central nas mesas e nas memórias.
Nas aldeias, o magusto é sinónimo de encontro. Famílias e vizinhos reúnem-se nos largos e associações locais, cada um traz algo para partilhar. As fogueiras juntam gerações, e o simples gesto de estalar uma castanha na mão transforma-se em celebração da vida rural.
Onde há fumo há festa
Entre a Serra do Açor e Lousã, entre o Zêzere e o Tejo-Ocreza, os magustos multiplicam-se e marcam o ritmo das aldeias, abrindo as portas a quem queira juntar-se, participar e descobrir tradições que continuam vivas.
- Magusto de Outono
Janeiro de Baixo
1 de novembro
- Magusto d’Os Galitos
Sobral de São Miguel
1 de novembro
- Magusto Tradicional
Benfeita
1 de novembro
- Magusto Comunitário
Barroca
2 de novembro
- Magusto Comunitário
Fatela, Fundão
2 de novembro
- Rota dos Castanheiros
Alcongosta, Fundão
2 de novembro
- Magusto
Talasnal
8 de novembro
- Feira do Magusto
Fajão
8 de novembro
- Feira de São Martinho
Janeiro de Cima
11 de novembro
- São Martinho
Água Formosa
15 de novembro
- XX Festa da Castanha
Aldeia das Dez
16 de novembro
A castanha é rainha, mas não vem sozinha
Além dos magustos, o outono é também tempo de feiras e mostras dedicadas aos produtos e aos frutos da estação, onde se inclui a castanha, mas também o cogumelo, o medronho, a romã ou o marmelo.
Em localidades como Oleiros, Figueiró dos Vinhos ou Góis, produtores, artesãos e cozinheiros reúnem-se para celebrar o que a terra dá.
- Mostra dos Frutos de Outono
31 de outubro a 2 novembro
Oleiros
- Feira dos Santos, do Mel e da Castanha
1 de novembro
Góis
- XIX Feira de Doçaria Conventual
1 e 2 de novembro
Figueiró dos Vinhos
- Mostra de Artes e Sabores da Maúnça
8 e 9 de novembro
Açor, Fundão
- Feira do Porco e do Enchido
8 e 9 de novembro
Meruge
- Festa de São Martinho
8 a 12 de novembro
Barroca, Fundão
- Míscaros – Festival do Cogumelo
12 a 16 de novembro
Alcaide, Fundão
- Feira de Rua da Castanha, do Mel e do Artesanato
15 e 16 de novembro
Coentral
- 34.ª Feira do Mel e da Castanha
21 a 23 de novembro
Lousã
Da fogueira para a mesa
E se quiser levar o outono das Aldeias do Xisto para casa? No livro Sabores da Aldeia: Carta Gastronómica das Aldeias do Xisto, encontra receitas que elevam a castanha de ingrediente a protagonista. Um tributo à simplicidade e ao sabor do território, contado na primeira pessoa.
Receita da D. Zelinda Maria Santos Alves, Janeiro de Cima (Fundão)
Caldudo de Castanhas
Ingredientes: Castanhas piladas secas; azeite; leite;
“Cozem-se as castanhas piladas bem cozidas, a ponto de se desfazerem. Depois de tiradas da panela, junta-se-lhes um pouco de leite com um fio de azeite”.
Receita da Sr. Lucília Ramos Neves Simão, Fajão (Pampilhosa da Serra)
Caldo de Castanhas
Ingredientes: castanhas, sal; um pau de canela
“Põe-se uma panela ao lume com água, sal e um pau de canela. Deixa-se ferver a água e depois juntam-se as castanhas e deixam-se cozer durante cerca de meia-hora até ficarem macias. A seguir escorrem-se as castanhas e retira-se o caldo. Só na altura de servir é que se derrama o caldo por cima das castanhas”.
Tempo de partilha
Entre fogueiras, feiras e mesas, o outono nas Aldeias do Xisto é um convite à convivência.
Há castanhas a estalar, música a encher os largos e mesas que se prolongam pela tarde fora.
O importante é estar com tempo, com apetite e com vontade de celebrar a estação que pinta o território de tons quentes.
Vai a um magusto?
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