Após um ano de ausência, a 12.ª edição do Trilhos dos Abutres arrancou na passada sexta-feira, dia 26 de janeiro, com o Trail na Escola, uma coorganização com o Agrupamento de Escolas de Miranda do Corvo, e que está integrado no Desporto Escolar. Esta que foi, para muitos a primeira experiência no trail running, teve uma incrível adesão por parte dos jovens estudantes entre o 2° ciclo e secundário que se superaram como grandes atletas.
O Trail Inclusivo, que teve a sua edição experimental em 2023, evento pensado para pessoas com vários tipos de incapacidades, decorreu ao mesmo tempo que o Trail na Escola e, claramente, é uma competição que faz todo o sentido existir no nosso panorama nacional e que, devido a seu enorme sucesso, será para manter nas próximas edições.
Sábado arrancou com 650 atletas no Ultra Trail Trilhos dos Abutres (50km) e foi uma prova de muitas emoções. Logo nos primeiros quilómetros, Miguel Arsénio, José Canales e André Rodrigues distanciaram-se dos restantes atletas, sendo que, pouco depois de Vila Nova, o atleta de Espanha abandonava, deixando a disputa do título para os dois portugueses. Na passagem pelo abastecimento da mítica Sr.ª da Piedade, André Rodrigues que já não vinha bem, acabaria por abandonar a prova, deixando caminho para Miguel Arsénio se sagrar campeão, com 4h46m, menos 28 minutos que o segundo classificado, Filipe Costa, do Clube Desportivo de Espite. O pódio ficou fechado com Marcelo Graça, da mesma equipa, que terminou com 5h15m.
Já no setor feminino, pode-se dizer que houve “sangue, suor e lágrimas”, com Azara Garcia de los Salmones a sagrar-se a grande vencedora, com 5h53m, tendo mesmo fechado o top 10 da geral. A prova foi, até ao km 29 disputada entre Azara, Aroa e Inês Marques, mas Aroa acabou por abandonar a prova em Tábuas devido a lesão. A segunda a cortar a meta foi a sua colega de equipa, Inês Marques, embora tenha acabado por ser desclassificada por questões técnicas. Assim, o segundo lugar acabou por ser de Sandra Sevillano, para grande surpresa da atleta, que cruzou a meta com 6h19m. O pódio feminino ficou fechado às 6h40 com Andreia Correia, da EDV – Viana Trail.
Por equipas, o Clube Desportivo de Espite colocou-se no lugar mais alto do pódio, seguido do Sharish Gin/GD Piranhas do Alqueva e da Associação Desportiva Nós Acreditamos.
Já no domingo, tivemos 530 atletas no Trilhos dos Abutres (30km) e 420 atletas no Mini Trilhos dos Abutres (20km), provas que se disputaram a ritmos bem mais alucinantes.
O pódio masculino do TA (30km) fechou em menos de dois minutos, numa prova de incrível competitividade, com Nuno Campo a cruzar a meta com 2h50m de prova, seguido de Pedro Calisto com 2h51m10s e Gabriel Vilela com 2h:51:51s. Já no setor feminino, a grande vencedora foi Vera Bernardo, com 3h34m, seguida de Renata Gonçalves com 3h39m, sendo que o pódio foi fechado às 3h46m de prova por Ana Botelho.
No que se refere ao MT (20km), 30 segundos separam o primeiro do segundo classificado, tendo Jorge Filipe cruzado a linha de meta com 2h00m, seguido de Carlos Simões. Tiago Duarte fechou o top 3 com 2h03m. Já no setor feminino, o lugar cimeiro foi para Mariana Girão que cruzou a meta em grande emoção com 2h36m, seguindo-a a espanhola Patry Rodriguez e Karen Mendes, com 2h38m e 2h39m respetivamente.
Por equipas, o pódio do Trilhos dos Abutres ficou constituído por Furfor – Running Project, EDV – Viana Trail e Thomar Athletics, enquanto no Mini Trilhos dos Abutres, as equipas vencedoras foram Furfor – Running Project, DCI/Trilhos Luso Bussaco e Runners do Demo.
Com condições meteorológicas ideais, o tempo manteve-se ameno, o sol brilhou, mas, Abutres que é Abutres, tem de ter lama nos trilhos e isso foi algo que não faltou. O que também não faltou foi o massivo apoio do publico ao longo dos trilhos, potenciado pelo ritmo de festa do grupo local Bombos & Tombos e na linha de meta pelo grupo de samba Unidos de Valmaior.
No final, a certeza que os atletas e o público tinham saudades do Trilhos dos Abutres, assim como de Miranda do Corvo, com vários elogios, na linha da meta, ao percurso e à organização, tanto no que se refere à beleza dos trilhos, quanto à dureza e tecnicidade daquela que é considerada por muitos uma das mais mediáticas provas nacionais de Trail, e que tem como pano de fundo as belas Aldeias do Xisto.
De salientar o prémio “finisher” que a organização decidiu oferecer a todos os atletas, uma árvore, para que todos possam, um pouco por toda a península, fazer crescer a floresta e os espaços verdes. Uma ação de sensibilização aos participantes que rapidamente começaram a partilhar as suas “plantações”.
O Trilhos dos Abutres regressa em 2025 para, tal como o presidente da ATRP indicou, “serem o palco da PRO LEAGUE”, numa coorganização entre a ATRP a Associação Abutrica, Câmara Municipal de Miranda do Corvo e Aldeias do Xisto.