Durante três dias, de 17 a 19 de outubro, a Aldeia do Xisto de Janeiro de Baixo, na Pampilhosa da Serra, transformou-se num ponto de encontro entre música, comunidade e paisagem. O Ritmia Folk Fest, na sua primeira edição, celebrou o equinócio de outono através da música, da partilha e da ligação à natureza.
“Um evento muito especial que nunca tinha acontecido na nossa aldeia” afirmou com orgulho, na abertura oficial do certame, o presidente da Junta de Freguesia de Janeiro de Baixo, José Martins, destacando esta Aldeia do Xisto como o “lugar indicado” para esta comunhão.
O coração do festival foi o Parque das Merendas. Entre oficinas, caminhadas, exposições e momentos comunitários, soaram nomes reconhecidos da música folk portuguesa. O grupo Espiral, trio feminino que há mais de uma década explora a música celta, abriu o palco do Ritmia, na sexta-feira.
“Esperamos que seja um bom início para este festival e que esta semente dê muito fruto”, revelou o grupo, composto por Sara Vidal, Ana Clément e Emiliana Silva. “A cultura é sempre um bom investimento para as pessoas e as aldeias são feitas delas, por isso esperamos que a nossa música seja um contributo para esta edição e que o certame tenha longa vida”.
Ao longo do festival subiram ao mesmo palco Paulo Bastos, Duarte Bastos, Bernardo Bastos, e ainda Ludmila Queirós com os projetos musicais dos Gaiteiros Tradicionais Portugueses, Voltas ao Ser e Raízes, bem como o dueto Terbaruna.
À entrada, as barraquinhas de produtos locais - com mel, licores, filhós, rodilhas e outro tipo de artesanato - recebiam visitantes e curiosos num ambiente descontraído.
A programação incluiu também workshops de jeropiga, com José Martins, de experiência musical e de cavaquinho, ambos orientados por Paulo Bastos. Houve ainda sessões de dança criativa e artes expressivas, conduzidas por Teresa Prima, e um workshop de sabões caseiros, dinamizado por Vítor Coelho e Fernanda Pereira.
A dimensão ambiental esteve igualmente presente, com uma ação de controlo de espécies invasoras, promovida pela MONTIS – Associação para a Gestão e Conservação da Natureza, e com as caminhadas interpretativas sobre água e regeneração da terra, guiadas por Vítor Seco. A apresentação do livro e a performance de Olívia Clara Pena completaram uma programação diversa, onde arte, território e sustentabilidade se cruzaram naturalmente.
“Este festival tem uma história”, conta Noémia Loio, do Jardim Lumi, entidade organizadora. “Já conhecíamos Janeiro de Cima e o seu festival Raízes da Aldeia, onde costumávamos dançar, mas nunca tínhamos estado em Janeiro de Baixo. Havia essa curiosidade. Quando viemos, começámos a dançar aqui, e por acaso passou o presidente da Junta. Ficámos à conversa e daí nasceu um convite: criar algo com arte, amor e entrega, aqui na freguesia que ele tanto estimava”.
E assim nasceu um “sonho”, revela Filipa Cristóvão, também da organização, que acredita ter deixado valor nesta Aldeia do Xisto. “Esta aldeia é maravilhosa, tem um potencial incrível, e quando se junta natureza à arte nasce algo muito especial que vamos querer continuar a fazer”, garante a responsável.
Com organização do Jardim Lumi em parceira com a ADXTUR - Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto e apoio da Junta de Freguesia local e o Município de Pampilhosa da Serra, o Ritmia Folk Fest deixou a sua marca em Janeiro de Baixo: três dias de música, natureza e convívio que provaram que o coração das aldeias sabe bater em compasso folk.









