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Coentral Grande junta-se às Aldeias do Xisto: uma aldeia granítica com história, identidade e futuro

07 jul 2025
Coentral Grande junta-se às Aldeias do Xisto: uma aldeia granítica com história, identidade e futuro
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A aldeia de Castanheira de Pera é a 28.ª a aderir à rede, num processo iniciado há mais de uma década e com impulso renovado após os incêndios de 2017. Esta é uma aldeia marcada pelo legado do negócio da neve, cooperação local e novos desafios do território.

O Largo do Vidoiro, em Coentral Grande, Castanheira de Pera, esta sexta-feira, 4 de julho, foi palco de um momento histórico. Numa cerimónia simbólica, acompanhada pela comunidade, foi descerrada a placa que oficializa a integração da aldeia na Rede das Aldeias do Xisto. Com esta entrada, Coentral torna-se a 28.ª aldeia da rede, trazendo consigo uma paisagem granítica rara, uma história de neve e um património natural e cultural que renasce.

A integração do Coentral na Rede das Aldeias do Xisto é o resultado de um processo iniciado em 2010, marcado por várias vicissitudes, e que ganhou novo impulso após os incêndios que devastaram o território em 2017. A sua concretização chegou em 2024, com o apoio unânime das entidades públicas, privadas e associativas que compõem a base social da ADXTUR - Agência para o Desenvolvimento do Território das Aldeias do Xisto.

"O Coentral Grande vai trazer identidade que mais nenhuma aldeia do Xisto tem", afirma o presidente da Câmara de Castanheira de Pera, para quem este foi um “momento histórico”.

António Henriques Antunes destaca que se trata de “uma aldeia que entra na rede das aldeias do Xisto, mas que é marcada pelo granito. Depois tem uma história associada aos Neveiros, que é uma particularidade desde meados do século XVIII e, portanto, permite ao visitante essa experiência e esse conhecimento.”

No planalto do Santo António da Neve (antigo Cabeço do Pereiro), existem três poços de neve construídos em xisto e barro, com abóbadas em forma de sino, que chegaram a atingir os 10 metros de profundidade. A estrutura permitia conservar a neve recolhida no inverno para ser cortada em blocos no verão e seguir, por via fluvial, até à capital, abastecendo a corte e os principais estabelecimentos lisboetas.

A história ganha profundidade nas palavras de Joaquim Ferreira, conhecedor da história local, que recorda o valor patrimonial e simbólico daquele Imóvel de Interesse Público. Para o coentralense, os poços devem ser valorizados como atração turística, mas também como memória viva, com “algo que explique, historicamente, o que foi aquele monumento” de grande importância já que, diz, “se não fosse o negócio da neve, provavelmente a aldeia do Coentral não seria o que é hoje do ponto de vista do seu desenvolvimento urbanístico, porque atraiu muita gente”.

Esta memória, que se cruza com a história nacional, é para o presidente da ADXTUR um exemplo do que faz do Coentral “um sítio mágico". Paulo Fernandes realça os “cruzamentos de ativos incríveis, sobretudo ligados à natureza, à história, à portugalidade", sublinhando que “Castanheira de Pera foi fundadora, mas não tinha uma aldeia na rede. Hoje corrige-se essa ausência".

O presidente da ADXTUR enfatizou ainda que a Rede das Aldeias do Xisto é, mais do que um projeto turístico, "uma espiral de esperança", que parte das comunidades, das suas vontades e da capacidade de gerar valor: "Quando valorizamos uma aldeia, damos-lhe nova vontade. Esta adesão não é apenas simbólica: é uma alavanca para novas ideias, para o investimento privado, para a coesão. É uma forma de voltar a olhar para o que sempre esteve cá, mas agora com novos olhos.”

A integração da aldeia reforça também a ligação entre comunidades, como destaca Maria Marques, da Dueceira- Associação de Desenvolvimento do Ceira e Dueça: "Somos um território tão pequenino, que se não houver estas interligações, estas redes, esta cooperação entre as pequenas localidades, não se conseguem os benefícios que temos a expectativa de vir a conseguir". Considera ainda que a adesão à rede representa “mais um recurso que poderá servir para construir novas oportunidades para o território e para a aldeia”.

Para a Lousitânea - Liga dos Amigos da Serra do Açor, parceira das Aldeias do Xisto, esta integração é “fundamental” e será “sempre uma mais-valia” para levar “mais turistas ao Coentral, que é o que se pretende”, mesmo com as parcas acessibilidades, pela falta de ligação rodoviária alcatroada entre as aldeias todas, aponta a representante Raquel Lucas.

“Os bons negócios são sempre aqueles onde as duas partes ganham”, refere o coordenador dos Pinhais do Zêzere e antigo autarca do município de Castanheira de Pera com quem o processo de adesão começou. “O Coentral pode oferecer e também pode ganhar”, afirma Fernando Lopes, sublinhando as particularidades que aquela terra pode acrescentar à rede.

Com a entrada formal nas Aldeias do Xisto, chegam também novos desafios. O autarca de Castanheira de Pera sublinha que “o desafio agora é fazer o trabalho que tem de ser feito para materializar este símbolo. Temos de ser capazes de construir uma oferta articulada, que permita que o turista fique mais dias no território, que conheça os recursos e que deixe valor cá”, afirmou.

Paulo Fernandes reforçou a ideia ao lembrar que “o trabalho não termina com esta placa: começa aqui”. Hoje, diz,  o desafio é traduzir a atração em tempo. “Como é que passamos de visitantes curiosos para estadias mais longas? Como é que os trilhos, as ribeiras, a história da neve se tornam experiências completas, que geram valor para quem vive aqui?”

A entrada do Coentral Grande para a Rede das Aldeias do Xisto acontece também num momento em que o Largo do Vidoiro está a ser requalificado e em que o município de Castanheira de Pera vai plantar 150 hectares de novos castanheiros, reforçando a paisagem daquela aldeia serrana. 

A Rota dos Neveiros, criada em 2023, já tinha sido um dos marcos do caminho que conduziu à integração do Coentral na rede. Esta entrada é, por isso, também uma oportunidade para consolidar estratégias que combinem sustentabilidade, identidade local e dinâmica económica.

A cerimónia terminou com um aplauso espontâneo da comunidade presente, entre murmúrios de responsabilidade e alegria provocadas por uma adesão há muito desejada. 

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