O incêndio que deflagrou na madrugada de 13 de agosto, em Piódão (Arganil), após a queda de raios numa cumeada de difícil acesso, evoluiu de forma explosiva e viria a tornar-se um dos maiores de sempre em Portugal, devastando uma área estimada de 60 mil hectares. A violência das chamas, alimentada por vento forte e relevo acidentado, fizeram o fogo avançar descontrolado, numa viagem que consumiu milhares de hectares e atravessou serras, vales e rios.
O percurso do fogo
De Piódão, coração da serra do Açor, o incêndio avançou de Arganil para os concelhos de Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Seia, Covilhã, Fundão e Castelo Branco. Num dos maiores e mais violentos incêndios de que há registo em Portugal. Registam-se habitações destruídas, solos consumidos e uma imensa mancha florestal perdida, que levará tempo a recuperar.
As pessoas
Mas se as chamas deixaram marcas profundas na paisagem, revelaram também o que de mais genuíno existe neste território: as pessoas. Se em muitas frentes os meios foram insuficientes, foram as populações que fizeram a diferença. Vizinhos que se uniram para proteger casas, populações que criaram barreiras improvisadas, coletividades e juntas que abriram portas, associações que garantiram refeições aos operacionais. A Lousitânea, em Góis, é um dos exemplos: esteve no terreno a apoiar o combate e já lançou um plano para reflorestar a Aldeia do Xisto de Aigra Nova, criar um rebanho sapador e mobilizar voluntários para devolver vida à serra.
Este espírito comunitário mostrou que, mais do que a paisagem, é o tecido humano das Aldeias do Xisto que mantém viva a esperança.
Medidas de apoio
Terminada a fase crítica, as autarquias concentram-se agora na reconstrução e no levantamento de prejuízos e apoios para a população. Oliveira do Hospital e Pampilhosa da Serra vão começar já esta semana (a partir de dia 25 de agosto) a encetar esforços nesse sentido.
A nível nacional, o governo aprovou um pacote excecional de 45 medidas, incluindo: apoio à reconstrução de casas, compensações rápidas a agricultores, linhas de crédito para empresas locais, isenção de contribuições à Segurança Social e reforço do apoio social às famílias afetadas. Para mais informações consulte a Câmara Municipal da sua área de residência.
Continuamos cá
As chamas marcaram a paisagem, mas não apagaram a identidade das Aldeias do Xisto. Ainda há verde nas serras, rios que correm cristalinos, casas de xisto que permanecem de pé e uma cultura viva, feita de pessoas resilientes.
A melhor forma de ajudar é não deixar de vir: percorrer os trilhos, hospedar-se nas aldeias, provar a gastronomia local, apoiar a economia que sustenta estas comunidades.
Em nome das Aldeias do Xisto, deixamos um agradecimento profundo a todos os que combateram, apoiaram e resistiram: bombeiros, forças de segurança, associações, autarquias e, sobretudo, às populações.
Das cinzas nasce a esperança. Aqui, seguimos juntos, com coragem, resiliência e confiança, para manter viva a serra e o futuro das nossas aldeias.























