Enquadrada por uma natureza brava, mas generosa, esta aldeia é guardiã de histórias de neve, de resiliência e de um património que resiste, feito de pedra, memória e horizonte.
Ao contrário das suas vizinhas, Coentral Grande não é aldeia de xisto, mas brota dele. Está inserida numa rara bolha granítica com cerca de 582 milhões de anos, que irrompe no meio da imensidão xistosa da serra. Um fenómeno geológico visível em cada parede, em cada pedra, e que reforça o seu carácter distinto.
Durante séculos, esta foi a terra dos neveiros. Homens que, nos dias mais gelados do ano, subiam ao alto do Santo António da Neve para recolher, prensar e conservar a neve, que dali seguia em longas caravanas até Lisboa. O Coentral Grande era o ponto de partida dessa rede engenhosa de transporte e conservação conhecida como a Real Fábrica da Neve.
Hoje, essa memória vive na Casa do Neveiro, núcleo museológico instalado desde 2002 no edifício da antiga Junta de Freguesia do Coentral, com a representação da vida dos povos antepassados, utensílios do seu dia-a-dia e usos e costumes. E vive também nos passadiços da Ribeira das Quelhas, nas linhas de água e nos vales densos que desenham a paisagem.
Hoje, integrada na Rede das Aldeias do Xisto, o Coentral Grande oferece mais do que uma visita — oferece um reencontro com a terra e com a história.


















